sábado, 29 de junho de 2013

Brasileiros revolucionam na fabricação de um cimento mais ecológico



Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) têm em mãos um projeto que promete revolucionar o mercado mundial de cimento. Eles criaram uma versão ecológica do produto, que permite dobrar a fabricação sem que seja necessário construir novos fornos e, conseqüentemente, sem aumentar a emissão do CO2, um dos principais vilões no efeito estufa.
Segundo o professor Vanderley John, um dos responsáveis pelo projeto, O cimento Portland tradicional é composto basicamente por argila e calcário, substâncias que, quando fundidas em um forno sob altas temperaturas, transformam-se em pequenas bolotas chamadas clínquer.

Esses grãos de clínquer são moídos com o mineral gipsita até virarem pó. “Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2, incluindo o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil (de 60 a 130 quilos por tonelada de clínquer)”.
A nova tecnologia consiste basicamente em aumentar a proporção de carga (filler) na fórmula do cimento Portland, adicionando dispersantes orgânicos que afastam as partículas do material e possibilitam menor uso de água na mistura com o clínquer.
A carga é uma matéria-prima à base de pó de calcário que dispensa tratamento técnico (calcinação), processo que, na fabricação do cimento, é responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de CO2.
A fórmula para calcular a quantidade de carga no cimento é usada desde 1970, estabelecendo que a quantidade do material de preenchimento não poderia ser alta porque havia o risco de comprometer a qualidade do produto.
Os pesquisadores brasileiros descobriram que isto não é verdade.
“Em laboratório, foi possível chegar a teores de 70% de filler, sendo que atualmente ele está entre 10% e 30%”, afirma John. “Com isso será possível dobrar a produção mundial de cimento sem construir mais fornos e, portanto, sem aumentar as emissões”.
A solução veio da matemática, mais especificamente de estudos que, muitas vezes, parecem teorias sem qualquer ligação com a praticidade do mundo industrial.
Atualmente, a indústria do cimento é responsável por 5% de emissão de CO2 em todo o planeta. Se todas as previsões estiverem corretas, a produção de cimento deve dobrar nos próximos 40 anos (impulsionada pelos países em desenvolvimento), o que faz com que a emissão da indústria salte para impressionantes 20%.

A Escola Politécnica da USP já está negociando parcerias com as indústrias cimenteiras para aperfeiçoar e transferir a nova técnica

Por: Bianca Mathias, 1ª série do E.M.

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